Teorias da aprendizagem e metodologias ativas
Na educação formal, cabe ao educador
gerir o percurso de aprendizagem dos discentes. Já há muito tempo, no Brasil,
predominam as chamadas “aulas tradicionais” - em que o professor transmite seu
conhecimento a seus alunos que, de forma passiva, supostamente aprendem. Tábulas
rasas, os alunos são meramente receptáculos. Entretanto, há vários teóricos da
aprendizagem cujas análises questionam a eficácia desse método tradicional.
As teorias da aprendizagem são
fundamentais para que possamos de fato conhecer o que constitui o aprender e
como isso foi entendido ao longo da história. Este fenômeno, extremamente
complexo, já foi analisado por muitos autores, por isso há diversas correntes
teóricas sobre isso - behavioristas, cognitivistas, humanistas, socioculturais
etc. O cognitivista Ausubel, apesar de estar mais preocupado com a organização
dos conceitos voltados para uma aula mais expositiva, é uma importante
referência para a aprendizagem significativa, pois, para que o aluno aprenda
algo, segundo ele, deve-se ancorar o conhecimento em outro anterior. Vigotski,
com a “zona do desenvolvimento próximo” também colabora com a construção de um
professor mediador entre aquilo que o aluno sabe (zona de desenvolvimento real)
e aquilo que ele pode aprender (zona de desenvolvimento potencial – quando se
resolve a questão com ajuda).
Pesquisando sobre esses autores,
encontrei na plataforma SciELO (Scientific Electronic Library Online - biblioteca
eletrônica que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros)
um dos manuscritos de Vigotski. A leitura não é fácil, mas segue o link para
quem desejar ter contato o texto:
Vigotski, Lev S.. (2000). Manuscrito de 1929. Educação & Sociedade, 21(71), 21-44. https://doi.org/10.1590/S0101-73302000000200002
Aproveitei que estava na SciELO e
também fiz uma pesquisa sobre Ausubel. Ele é muito citado e sua teoria sobre a aprendizagem
significativa é basilar para a área de ciências exatas e biológicas. Há muitos
cursos de medicina que o adotam como fundamento metodológico para as aulas. Um
dos artigos mais interessantes para mim segue abaixo. Nele, os autores analisam
os referenciais teóricos para uma educação científica de qualidade:
Laburú, Carlos Eduardo, Barros, Marcelo Alves, & Silva,
Osmar Henrique Moura da. (2011). Multimodos e múltiplas Representações,
aprendizagem significativa e subjetividade: três referenciais conciliáveis da
educação científica. Ciência & Educação (Bauru), 17(2), 469-487. https://doi.org/10.1590/S1516-73132011000200014
Além desses autores, Piaget e Paulo
Freire trazem contribuições fundamentais para as teorias da aprendizagem. Esses
dois últimos, principalmente, para a construção da autonomia – uma das palavras
mais essenciais para a compreensão das metodologias ativas em que o aluno é o
centro do processo de aprendizagem[1].
Hoje, estudos apontam que as
metodologias ativas favorecem a aprendizagem[2].
Em muitas universidades, como a FGV, essa metodologia está gradualmente
substituindo as aulas mais tradicionais, uma vez que a neurociência demonstra
que a forma como aprendemos é tão significativa quanto aquilo que foi
aprendido. Ademais, as metodologias ativas, por favorecerem a autonomia, o
trabalho em grupo e a resolução de problemas, desenvolvem outras competências
essenciais, segundo a BNCC[3]:
·
saber
buscar e investigar informações com criticidade (critérios de seleção e priorização) a fim de
atingir determinado objetivo, a partir da formulação de perguntas ou de
desafios dados pelos educadores;
·
compreender
a informação, analisando-a
em diferentes níveis de complexidade, contextualizando-a e associando-a a
outros conhecimentos;
·
interagir,
negociar e comunicar-se com o grupo, em diferentes contextos e momentos;
·
conviver
e agir com inteligência emocional, identificando e desenvolvendo atitudes positivas para a aprendizagem colaborativa;
·
ter
autogestão afetiva, reconhecendo
atitudes interpessoais facilitadoras e dificultadoras para a qualidade da
aprendizagem, lidando com o erro e as frustrações, e sendo flexível;
·
tomar
decisão individualmente e em grupo, avaliando os pontos positivos e negativos envolvidos;
·
desenvolver
a capacidade de liderança;
·
resolver
problemas, executando
um projeto ou uma ação e propondo soluções.
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